Todo ano quando chegamos perto da Páscoa ouvimos as mesmas reclamações sobre o preço dos ovos. Sendo assim, as comparações entre o preço dos ovos e das barras de chocolate não são novidade pra ninguém.
Da mesma forma, uma pergunta muito comum é: se o ovo e a barra possuem a mesma quantidade de chocolate, por que o ovo é tão mais caro?
Hoje, o Boletim Econômico te responde isso!

Por que ovos de Páscoa são caros?
Antes de mais nada, para responder essa pergunta nós precisamos voltar em alguns conceitos econômicos, como o conceito de elasticidade-preço. Você conhece ele? Se não, não tem problema. Vou te explicar.
Primeiramente, a elasticidade-preço da demanda é um termo muito usado no estudo da microeconomia. A microeconomia é o campo de estudo da economia que analisa a formação dos preços no mercado e a relação desses preços com outras variáveis.
Desse modo, definimos como o seguinte: a elasticidade-preço da demanda é o quanto a demanda por um produto oscilará conforme uma mudança de preço desse mesmo produto.
Sendo assim, é esse conceito que nos permite medir o quanto as pessoas deixarão de comprar um produto caso seu preço aumente.
Equação
Ainda mais, como a grande maioria dos conceitos em economia, esse também tem uma equação para explicar sua ideia. A equação é a seguinte:

Ou ainda, em termos mais matemáticos:

De qualquer forma, essa equação medirá a oscilação da demanda por uma mercadoria em relação à sua mudança de preço. Desse modo, se um produto teve um aumento de preço em 24% e sua demanda caiu 10%, devemos realizar a seguinte conta:
EPD = -10%/54% = -0,185
Neste caso o produto em questão possui uma elasticidade-preço da demanda de -0,185, o que não é um número alto.
Sendo assim, quanto maior o resultado da conta, mais a demanda por um produto tende a cair em vista ao aumento de seu preço.
(Ah, vale sempre lembrar que o sinal da demanda é negativo, porque preço e demanda possuem uma relação inversa. Se um aumenta, outro abaixa, e vice-versa. Você pode ler mais sobre isso clicando aqui).
Gráfico
Uma lei geral dos números é que, para quase toda equação, você possui um gráfico. Na economia, isso é mais que verdadeiro. Vamos então conhecer o gráfico da elasticidade da demanda.
Neste gráfico, P1 é o primeiro preço e P2 o segundo preço. Da mesma forma, Q1 é a primeira quantidade demandada, e Q2 a segunda quantidade demandada. Ainda mais, ΔP é a variação no preço.
Com isso, podemos perceber que quando o preço varia de P1 para P2 (uma queda no preço), o gráfico apresenta um aumento de Q1 para Q2. Ou seja: Maior preço, menor consumo.
Mas afinal de contas, o que acontece com os ovos de Páscoa?
Bom, como dissemos acima, se o preço de uma mercadoria aumenta, seu consumo tende a diminuir. Mas tudo depende do resultado da equação.
Quanto mais elástico o produto for (maior EPQ), mais sua demanda cai com o aumento dos preços. No entanto, alguns produtos possuem elasticidade-preço da demanda baixa e são pouco elásticos (entre 0 e 1) ou totalmente inelásticos (0).
Em vista disso, você provavelmente já deve ter ligado os pontos em sua cabeça. A resposta para o problema dos ovos é puramente econômica: ovos de Páscoa possuem baixa elasticidade.

Ou seja, um aumento em seus preços não faz com que o consumo caia tanto. Desse modo, os fabricantes podem continuar vendendo ovos a preços mais caros, pois sabem que as pessoas comprarão.
Mas por que os ovos possuem baixa elasticidade?
Como gostamos de lembrar em nossos textos, a economia não é uma ciência exata, mas sim uma ciência social aplicada. Sendo assim, seus resultados estão sujeitos ao comportamento social dos seres humanos.
Aqui no Brasil, o comportamento em relação à Páscoa é bem específico. O brasileiro gosta de celebrar a Páscoa, principalmente por sermos um país de maioria cristã.
Além disso, ao longo dos anos a tradição pegou. E hoje, mesmo pessoas sem religião ou crenças costumam comemorar algumas datas. Não é raro ver pais ateus comprando ovos para seus filhos.
Desse modo, as relações socioeconômicas brasileiras fazem com que o consumo desses produtos especiais seja alto. Ainda mais, muitas pessoas tendem a fazer um esforço para pagar mais caro, seja para agradar filhos, namorados, ou até amigos…

Em outros países, onde a tradição pascoal não é tão grande, isso não ocorre e os ovos não são tão caros. Mas, de novo, a economia é uma ciência social aplicada: diferentes regiões e momentos alteram a aplicabilidade das fórmulas e números.
Desse modo, ovos de Páscoa continuam sendo mais caros, mesmo possuindo a mesma % de chocolate que as barras: a tradição faz com que muitas pessoas ainda optem pelos ovos.
Se gostou desse texto, comente abaixo sua opinião. E mande ele para aquele seu tio que todos os anos faz a mesma pergunta durante o almoço de Páscoa!
🐰🥚 O Boletim Econômico deseja uma Feliz Páscoa para você e sua família.