Hoje, o Boletim Econômico vai voltar um pouco na história, e te contar o que foi o milagre econômico na época da ditadura militar.
Como se deu isso? A que custo se deu esse milagre?
Para saber mais, continue lendo o texto!
A herança de JK
Antes de mais nada, temos que entender a situação do Brasil naquele momento. O presidente Juscelino Kubitschek fez uma política desenvolvimentista. Dessa forma, o Brasil permitiu que muito capital externo entrasse no país.
Esse capital externo vinha de duas formas: Multinacionais e empréstimos.
O Brasil se desenvolvia através das indústrias, mas toda essa política teve um preço muito grande.
Isso porque o JK simplesmente não se importou com o balanço de pagamentos do país (exportação – importação) e os gastos do governo eram muito altos.
Entenda o que é balanço de pagamentos aqui.
Para se ter uma ideia, Brasília foi construída sem ter de onde tirar o dinheiro.
Alto gasto público e balanço de pagamentos deficitária, já sabemos um pouco do resultado disso né?
Claramente, para pagar isso, o JK fez uma política monetária expansionista, em um linguajar mais fácil, mandou “imprimir dinheiro”.
Isso gera a famosa inflação. Essa taxa que corrói o nosso poder de compra é vista até como um imposto para as pessoas pobres. Dessa forma, essa é uma grande crítica ao governo JK, que teoricamente desenvolveu o país em troca de um “imposto” a mais para os mais pobres.
• Veja também: Inflação: Tudo que você deve saber para não ser ignorante
O governo militar e o milagre econômico
Bom, depois de JK, ainda tivemos os governos de Jânio Quadros e de João Goulart, que pegaram essa herança da inflação alta.
Com a propaganda de combater o comunismo na política e a inflação na economia, o golpe militar foi apoiado por grande parte da população brasileira e do empresariado brasileiro também.
Iremos falar apenas da parte econômica nesse post.
Quando Castello Branco assume o poder em 1964, ele se via em uma inflação de quase 100% ao ano.
Resolvendo os problemas
Então, a equipe econômica do governo percebeu que essa inflação era causada por um excesso de demanda.
Mas, como assim?
As pessoas queriam comprar mais produtos do que o mercado conseguia oferecer, e com isso, os preços aumentavam.
Assim, o governo, para diminuir a demanda, fez algumas reformas rapidamente (só foram rápidas pelo fator de ser uma ditadura).
Dessa maneira, o governo aumentou a taxa de juros, fez reformas fiscais, reformas tributárias.
Outra medida que o governo tomou foi o arrocho salarial, na qual os salários não eram reajustados de acordo com a inflação, o que fez com que os salários reais das pessoas caíssem muito, e isso só foi recuperado 30 anos depois.
O governo também apoiou as indústrias nacionais, a gente vê isso com a construção da Usina de Itaipú, ponte Rio-Niterói, Usina Nuclear de Angra dos Reis. Foi criado muitas estatais para isso, muitas mesmo.
Com isso, a inflação foi abaixando, os impostos estavam equilibrados e o governo incentivava a indústria nacional, fazendo com que o balanço de pagamentos ficasse equilibrada também.
Dessa maneira, o país cresceu uma média de 9% ao ano de 1968 a 1973, sendo que esse último ano ele cresceu 14% no ano, esse foi o famoso milagre econômico.
Temos que ter em mente que para isso o governo não tirou dinheiro do nada, o capital estrangeiro ainda era muito fácil no país, e isso se torna um problemão depois.
Alegria de brasileiro dura pouco
Percebeu que o milagre durou pouco, né meu filho?
Durante esse processo, ocorreu em 1973 o primeiro choque do petróleo, na qual o preço dessa commoditie quadruplicou.
Cerca de 80% do petróleo usado no país era importado, e com isso, o custo de importação aumentou, fazendo com que o balanço de pagamentos ficasse deficitário.
O Brasil tinha duas opções, parar esse desenvolvimentismo e diminuir as importações, ou continuar no mesmo ritmo e se endividar para pagas as importações.
O Brasil escolheu a segunda opção. Isso foi errado? Bom, não tem resposta correta.
Tem pessoas que dizem que o país hoje seria muito menos desenvolvido, mas isso ocasionou na famosa década perdida.
Ou seja, hoje estaríamos na década de 80, no sentido físico.
Assim, o país se viu depois com uma inflação de mais de 200% e uma dívida externa gigantesca, na qual era impossível pagar.
Para se ter uma ideia, essa crise toda só foi “resolvida” na criação do Plano Real, em 1994.
Infelizmente, a história do Brasil é cheia dessas rasteiras.
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